Vou iniciar esse texto fazendo um sério questionamento. Você tem certeza que, quando chegar o dia de se aposentar, as regras ainda serão as mesmas de hoje? Será que a previdência vai quebrar? Será que o próximo governo se preocupará com a previdência? Será que os desfalques do INSS acabaram?

Nosso país é realmente uma loucura, principalmente quando falamos de previdência. Estamos vivendo um momento muito sério nesse campo, quando o governo está sendo obrigado a mudar as regras do jogo para garantir a continuidade do órgão. Pois é, isso já aconteceu em vários países. Esse desequilíbrio entre as receitas que entram e os benefícios que são pagos, se não for equacionado, com certeza acabará com a previdência em pouco tempo.

Já que não tenho certeza de que vou receber a merecida pensão quando chegar minha vez; já que não sei se um dia a previdência vai quebrar; já que não sei se os próximos governantes vão tratar esse assunto com a seriedade com que deve ser tratado, o que devo fazer? Ora meu amigo, eu tenho que pensar nisso agora, pois cada ano que passar o problema só vai aumentar. Veja bem, minha sugestão é a seguinte: você deve continuar pagando para o governo normalmente. Caso seja descontado em folha, mantenha seu registro; caso seja autônomo e recolha com seu carnezinho, continue assim. Porém, pense no pior e previna-se, pois se essa bendita previdência quebrar você vai quebrar junto. E aí, vai reclamar para quem?

Diziam que a poupança era intocável, não é? E o que aconteceu? Não preciso nem lembrar não é? Pois então, isso é o Brasil. Aqui nunca sabemos o que vai acontecer. Estou com 40 anos de idade, contribuo para previdência desde os 15. Assim já lá se vão 25 anos em que pago religiosamente pela minha futura aposentadoria. Nesses 25 anos, já mexeram várias vezes no prazo, na idade, no teto, no piso, enfim, estou vendo a hora em que vou morrer sem me aposentar, pois é incrível como mudam as leis. Com um pequeno e devastador detalhe: sempre para pior.

Sabendo disso, você tem que se programar. Sugiro que faça um bom plano de previdência privada. Tenha o cuidado de não optar por qualquer instituição, procure um banco forte. Você deve ficar atento para não cair nessas conversinhas que prometem o impossível. Aquela história de pague R$30,00 por mês e daqui a 15 anos receba uma pensão mensal de R$5.000,00 até o fim da sua vida. Pelo amor de Deus, isso é conversa para boi dormir. Preste atenção quando escolher seu plano, porque não existe mágica. Outra opção que você tem é fazer uma poupança para esse fim. Entretanto, caso ela seja confiscada daqui a algum tempo, não venha me culpar. No fundo, eu não acredito que isso aconteça novamente, mas por via das dúvidas...

Vamos fazer uma continha. Caso você guarde na poupança/fundos R$200,00 por mês durante 30 anos, com as taxas atuais que estão na casa de 0,9% ao mês, daqui a 30 anos terá R$537.000,00. E, caso guarde R$400,00, você terá R$1.074.000,00. É claro que parte desse valor é correção, mas imagine você aos 50 ou 60 anos de idade com R$1.000.000,00. Vamos imaginar que daqui a 30 anos você tenha 60 anos e viva mais 25 anos. Se dividir o R$1.000.000 por 300 meses (que equivalem a 25 anos), terá uma renda de mais de R$3.000,00, sem correção, É claro que, no caso, você deixando o R$1.000.000,00 aplicado e retirando apenas os R$ 3.000,00 mensais, esse dinheiro não acabará mais, ou pelo menos você não verá o seu fim.

Sei que é difícil juntar, sei que é difícil ter uma constância, mas sei que esse problema de aposentadoria no Brasil é um caso muito sério. Conheço um senhor que trabalhou 22 anos em uma empresa e recolhia para o INSS sobre 10 salários mínimos. Só que, passados os 22 anos, a empresa faliu. Esse senhor se viu numa situação complicada, porque, estava numa idade em que, no Brasil, é considerada alta. Foi obrigado a montar uma empresa para poder sobreviver e, como todo inicio de negócio é difícil, o dele não fugiu à regra. Dinheiro curto, problemas financeiros, tudo isso acabou fazendo com que ele ficasse uns dois ou três anos sem recolher o INSS. Depôs, começou a recolher sobre um salário e, depois de um determinado período, aumentou para dois, uma vez que existe um período a ser respeitado. Há uns três anos entrou com a papelada e hoje está aposentado, recebendo apenas dois salários. Eu pergunto? E os 22 anos que recolheu sobre 10 salários? Pois é, você vai me dizer que o governo não tem culpa se ele parou de recolher. Tudo bem, é o que está na lei. Mas para o contribuinte, é complicado esse tipo de coisa, até porque ninguém sabe o dia de amanha. Assim, sugiro que você sempre pense no amanha. Faça sua poupança paralela ou um plano paralelo de previdência privada.


Não dependa única e exclusivamente do governo. Existem muitas empresas que têm fundo de pensão e garantem aos funcionários a complementação da aposentadoria. E isso é muito bom. Caso você se encaixe nessa situação, poderá ficar mais tranqüilo. Conheço pessoas que estão aposentadas e recebem como se estivessem na ativa. Entretanto, a grande maioria dos brasileiros se aposenta com apenas um salário mínimo. O importante é você começar a pensar nesse assunto hoje, não fique dizendo que é novo, que depois pensará nisso, que depois dos 40 resolve.

Quanto antes você começar a poupar mais cedo começará a desfrutar. E lembre-se de nunca colocar todas as suas moedas no mesmo baú. Espero que você tenha se convencido de que o sistema previdenciário do Brasil é inseguro, que as regras mudam com facilidade, que os que ganham menos sempre são os que perdem mais, que o futuro chega rápido, que o planejamento da aposentadoria é fundamental, e que juntar é imprescindível.